Logo que me mudei da casa dos meus pais, minha mãe me ligava quase que diariamente para perguntar como havia sido o meu dia. Eu tinha almoçado? Eu estava agasalhada? Eu tinha levado o guarda-chuva para o trabalho? Meu dia tinha sido bom? Eu já tinha arranjado um vizinho gatinho para paquerar? Antes de desligar o telefone, sempre fazia a mesma pergunta:
– “Aline, você tem certeza que não está com depressão? Fica aí nesse apartamento sozinha, sem ninguém”, ela dizia, toda preocupada.
Eu demorei meses para fazer minha mãe entender que não, estar sozinha não significava se sentir só. Pra mim, tudo bem se me trancarem em casa por, sei lá, 10 dias e jogarem a chave fora. Sozinha, me conecto tanto com quem eu sou que mal vejo o tempo passar. E isso não serve só para quando fico em casa. Um outro exemplo é quando saio para coberturas grandes, que exigem espera entre atrações, como foi o caso do último Rock in Rio. Fiquei observando as pessoas, me observando e curtindo tudo sem drama.
Eis que no sábado à noite, dia de John Mayer no festival, me surge um cara do nada no meio de uma multidão, me vê no canto assistindo o show do Phillip Phillips sozinha, para na minha frente e pega na minha cintura:
– ‘Eita! Tá sozinha? Que bad, hein?’, disse, ao pé do meu ouvido.
Não tenho paciência pra gente sem respeito. Irritada, o afastei e retruquei:
– ‘Bad? Bad é o que você deve estar sentindo. Eu estou ótima aqui’.
Com cara de choque, o garotão carioca continuou:
– ‘Mas você tá sozinha’, falou, sem fazer nenhum sentido.
– ‘Eu estou sozinha e ótima’, comentei.
– ‘Tá, tá, eu vou embora se é isso que você quer’, ele disse, desaparecendo no meio da galera.
É. Eu estou sozinha e ótima. Como nunca estive. E pessoas iguais ao rapaz que não sabe que estar só não é se sentir só me fazem acreditar que, por medo, as pessoas perdem cada vez mais a individualidade.
* Texto escrito em setembro de 2013.
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Pode, ainda, ocorrer o contrário: estar acompanhada, todavia, só.
Finalmente alguém que pensa da mesmo forma que eu. Como filha unica muitas pessoas pensam que sou muito só e antissocial (princialmente minha mãe XD), mas me sinto o contrario disso. Gosto da ficar sozinha no meu canto com meus pensamentos e quando saio adoro ir a algum lugar ou mesmo ir ao cinema sozinha até mesmo só sentar em algum lugar e observar as pessoas.
Acho que as pessoas pensam e sentem que é necessário estar sempre acompanhado de alguém que estar sozinho é muito triste, elas deveriam experimentar pelo menos uma vez ficar sozinho consigo mesmos de vez em quando.
até mais!