‘Ah! Vim trabalhar hoje mais por causa do meu filho mesmo. Ele tá com a namoradinha em casa e perguntou se eu não queria dar um tempo’, disse, rindo, o taxista que me buscou em um dos meus intermináveis plantões do Carnaval 2013. Já passava das 4 da manhã, eu já não aguentava mais todas aquelas notícias do Neymar assumindo o namoro com a Bruna Marquezine em plena Sapucaí e entrar no Siena do Tarso foi mais do que um alívio.
Tarso era mais um motorista da rádio táxi que atende a empresa onde eu trabalho que eu não conhecia. Tem acontecido isso bastante nesses dias, como eu contei naquele post do Elton. E como gosto de saber da história de cada um deles, achei ótimo… Ainda mais depois que percebi que o cara que dirigia era meio pirado! É que pra justificar estar naquele horário na rua, ele contou das ‘duas ferinhas’ que tem em casa. Um dos garotos tem 13 anos e o outro tem 16. O mais velho namora há mais ou menos um ano e está naquela fase de realmente aproveitar, por isso ‘expulsa’ o pai de casa vez ou outra. ‘Só peço pra ele usar camisinha. Ele fala ‘pô pai, claro’, disse, dessa vez mais sério, o Tarso.
O meu companheiro da madruga me contou que ganhou a guarda dos filhos em 2003, algum tempo depois de sua esposa o abandonar para viver uma vida ‘diferente’, digamos. ‘Ela queria dinheiro. Começou com essas histórias de querer ganhar dinheiro fácil aqui no Brasil mesmo, mas eu disse que aqui não’, contou o Tarso. Segundo ele, a esposa não sossegou. Meses depois, pegou um voo para Madri, na Espanha, e desde então vive lá. Perguntei, inocentemente, se ela sabia no que estava se metendo. Vai que ela havia sido enganada, igual a moça da novela? ‘É claro que sabia!’, ele respondeu, meio frio. Hoje, tanto tempo depois, a ex do Tarso já saiu dessa vida. Teve uma filha de um espanhol e conseguiu a tão sonhada cidadania espanhola.
O taxista me deixou no meu apê na Bela Vista pouco depois das 4h30. Enquanto eu subia de elevador, fiquei pensando se o que ele me contou realmente era verdadeiro. Acho que eu seria o tipo de pessoa que, se conhecesse tanta gente durante um dia só, começaria a inventar uma história nova a todo momento, só pra ficar mais divertido. Lá estava eu no quinto andar. Abri a porta de casa, sentei no sofá para relaxar e cheguei a conclusão que não tem nada de conto de fadas na vida de todas essas pessoas que eu conheci antes do fim do mundo. Todo mundo trabalha, paga contas, fica sem dormir, finalmente dorme, consegue um amor, perde um amor, quer se jogar de uma ponte vez ou outra, é feliz, não é, é feliz de novo… E assim por diante. A história do pai que foi abandonado pela mulher, que queria se prostituir, e libera a casa pro filho transar não é tão inacreditável assim.
Google+
Putz, mt legal seu blog, to tentando ler inteiro, e bom pra passar o tempo. Queria ser uma dessas pessoas que sem pelo mundo, pra conhecer as pessoas. ;)
Oi Aline,adoro seu blog , entro quase todo dia , mas nunca comento não sei porque .. Adoro seu jeito de ver e falar sobre o mundo, tão simples e interessante..