44. Hugo, o moço engraçadão da balada em Vegas


Bebíamos nosso sex on the beach na cobertura de uma balada chamada The Pure, no Caesers Palace, em Las Vegas, quando um rapaz de calça jeans preta e camisa azul se aproximou para conversar. ‘Oi, meninas! Eu sou o Hugo e vocês?’, disse ele, todo animado e simpático. Hugo repetiu nossos nomes com aquele sotaque americano carregado e, todo engraçadinho, já deixou bem claro:

– ‘Não é nada pessoal, juro! Mas se vocês me pedirem para falar o nome de vocês daqui 5 minutos, eu não vou lembrar, tá?’

Ele, que parecia estar no finalzinho de um copo de whisky, era o tipo de pessoa que eu sou: sempre se recorda do rosto de alguém, mas o nome corre, foge lá pra longe.

A verdade é que eu não dava nada para aquela noite. Éramos quatro meninas em Vegas mas, depois de um dia todo andando pelos enormes cassinos dos milhares de complexos da cidade, só eu e mais uma amiga animamos de sair e curtir a balada na terça à noite. O convite surgiu como todo convite surge na chamada Sin City: um cara superarrumado, superestiloso e supercheiroso nos parou assim, do nada, enquanto andávamos para o hotel e, dizendo que mulher era VIP na festa, nos convenceu. Eu, que sentia falta das baladas que tocavam Drake, Lil Wayne, Jason DeRulo e Nelly na Califórnia, estava mais do que feliz.

Na porta da festa, que é uma das mais famosas da cidade e sempre conta com presenças especiais de celebridades como Paris Hilton, Nicki Minaj, Jennifer Lopez e Britney Spears, uma variedade imensa de pessoas: algumas garotas vestiam salto alto brilhante, outras apostavam em rasterinhas, outras em sapatilhas de lacinho. Ruivas, loiras, morenas, negras. E caras, caras muito arrumados. Na entrada, mostramos logo nosso passaporte, fomos empulseiradas e entramos, bastante curiosas.

A noite foi exatamente como uma noite em Vegas deveria ser, a não ser pelo triste fato de o único drink que eu conhecia no cardápio custar 15 dólares, o que significava tipo, uh… 32 fucking reais. Com dó, tirei minha carteira da bolsa e entreguei a grana para a moça do bar. Fomos observar a vibe na pista e, mais tarde, encontramos o Hugo nos futons.

Hugo era estudante de TI e morava em Seatle, em Washington. Era filho de mexicanos, mas nasceu na cidade do Pike Place Market. Como estava no Spring Break, famosa semana de folga das aulas que brinda a chegada da primavera, se juntou com o roommate e foi para Vegas.

O papo com o Hugo estava legal, confesso. O problema é que depois de alguns minutos conversando, lá estava ele, fazendo a dança do acasalamento com a gente na pista. Eu já sabia que o jeito de americanos de dançar era assim. Quando morei fora por causa do intercâmbio, isso era o que mais havia me chocado. Quando voltei para o Brasil e me perguntavam o que havia sido mais difícil na minha adaptação por lá, essa era sempre a resposta: “A maneira louca como eles dançam”.

Quatro das minhas músicas favoritas tocaram nesse meio tempo: “Do You Remember”, “Teach Me How To Dougie”, “Show Me a Good Time” e “6 foot, 7 foot”. O Hugo estragou todas… Destruiu boas memórias. Enquanto isso, nós tentávamos, de uma maneira não muito amigável, dispensá-lo. Demorou, mas conseguimos e eu lembro de nunca ter gritado um “EIKE FELICIDADE” interno tão alto. Comemorei babando por um moreno lindo e estiloso, que dançava “Started From The Bottom” como no clipe do Drake. Ele, claro, preferiu ficar se esfregando na baixinha bunduda que tocava seu “instrumento” o tempo todo. Perdi.

Na mesma noite que conheci o Hugo e observei de longe o moreno gato, também conheci o Jorge, um mexicano que me mandou um e-mail me agradecendo por ser simpática com ele. ‘Hola, me encanto conocerte en las vegas, saludos’, disse. Em Vegas, conheci ainda o Viktor, alemão extremamente fofo com quem passei horas conversando e rindo no cassino quase já vazio, e um britânico sorridente e cheiroso, que parecia não acreditar que eu era mesmo do Brasil. Não era a minha primeira vez em Vegas, mas a sensação foi como se eu nunca tivesse pisado na cidade.

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