71. Vladimir, o tiozão-pegador que se apaixonou

Já perdi as contas de quantas vezes eu vi o amor pregando peças. Aquela garota mais gata da escola esnobando o nerd da biblioteca e, após a formatura, decidindo que é por ele que ela é apaixonada, a menina quase-homofóbica dizendo que odiava ‘esses gays e lésbicas’ e se apaixonando justamente por outra menina, amigos próximos jurando que amizade verdadeira entre homem e mulher existe e, “alguns relacionamentos depois”, subindo ao altar … E o Vladimir foi um desses caras em que o amor (esse lindo!) e o destino (acredito!) pregou uma dessas!

O Vlad, como ficou conhecido no cruzeiro que fiz há alguns meses, já chamava atenção logo no Porto de Santos, na espera para embarcar. Era um tio curitibano de uns 45 anos, bonito, charmoso, bem arrumado e com os cabelos grisalhos mais brilhantes e bem hidratados que eu havia visto em um homem. Ali mesmo já deu para ver: ele estava louca para pegar umas meninas mais novas. Não digo isso só por dizer, não. Nos 45 minutos pré-embarque, o cara que parecia um modelo aposentado já havia analisado o corpo de todas as mulheres da sala.

O Vladimir passou 4, dos 7 dias em alto mar, se infiltrando em todos os grupos de gente jovem possíveis. Estava sempre à beira da piscina, sem camisa e de papo com as novinhas, vivia com um drink em cada mão para oferecer para uma possível paquera e era visto constantemente posando para fotos a cada por do sol no topo do navio. Uma vez, enquanto eu dançava algum “Gangnam Style” da vida, ele me puxou pela cintura:

– “Vem tirar uma foto comigo. Vou te marcar lá no meu face”, ele disse, arrumando excessivamente os fios e encolhendo a barriga, já bastante malhada, antes da foto sair. “Agora tira uma minha aqui nessa paisagem linda”, ele pediu depois de posarmos juntos.

O Vlad era o único ‘adulto’ nas baladas do navio. Sempre com o whisky e a ‘champa’ na mão, e rodeado por loiras, morenas e negras. Até eu não conseguia negar: o cara realmente era uma espécie de William Bonner do mundo real no quesito ‘charme’.

– “Olha o Vlad lá com a loira do deck 6! Olha o Vlad xavecando uma gata no cantinho. Eita! O Vlad tá pegando uma guria lá na piscina”, dizia o Paulinho, amigo nosso e dele a cada noite. Eu não sabia se era verdade mas, sinceramente, não duvidaria se fosse.

O Vladimir só tomou jeito mesmo quando conheceu uma mulher. A loira, natural do interior de São Paulo, virou a “esposa oficial do ex-pegador” no 5º dia de viagem. A partir daquele momento, o Vlad nunca mais era visto “fechando” a festa. Ficava um tempão conversando no cantinho do salão, enquanto todos os ‘Looouca, Louquinhaaaa’ tocavam, e saía abraçadinho de lá com a loira-oficial antes das 2h. Sempre.

Já faz um ano desde que o Vlad conheceu a loira naquela viagem de verão. Os dois ainda estão juntos. Tão juntos e tão apaixonados que já até dizem por aí que têm a data do casamento marcado.

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