As 10 pessoas que mais gostei de conhecer nesses 2 anos e meio de 1001 pessoas

Quem me conhece há algum tempo sabe: eu tive um começo de vida adulta mais cansativo do que o normal. Desde que o blog novo estreou, pude contar em algumas crônicas sobre São Mateus, o bairro onde eu nasci e vivi por 24 anos da minha vida.

São Mateus é um bairro afastado em São Paulo, bem na periferia, famoso no ‘Cidade Alerta’ e figurinha repetida nas chamadas do Datena. Foi lá que conheci os meus melhores amigos e foi lá que construi boa parte das memórias que levarei para a vida toda. Eu tenho um amor especial pelo lugar, apesar da correria que vivi desde que comecei a assumir algumas responsabilidades, aos 17 anos. É que antes de eu me mudar para o centro da cidade, eu demorava, em média, três horas para ir e três horas para voltar do trabalho. O metrô ainda não havia chegado perto do bairro, os ônibus eram lotados, o trânsito era caótico e a minha vida se resumia apenas a acordar, trabalhar, estudar e dormir. No outro dia, tudo igual.

Antes da mudança, eu passava, no mínimo, 7 horas por dia no transporte público. No começo, eu me irritava. Sou muito ansiosa e ver a vida passar da janela do ônibus não era pra mim. Até que eu cheguei à conclusão que não tinha jeito: ou eu pagava um aluguel mais perto de tudo, ou teria que tirar o melhor daquelas 7 horas ‘vagas’ ‘na rua’. Eu ganhava R$ 700 por mês e isso não pagava nada naquela época (imagina agora!). Comecei então a conversar com as pessoas no ônibus. Não, não era uma coisa que eu fazia todo dia e não, não era uma coisa que eu forçava a barra. Eu só me dava a oportunidade de conhecer gente diferente no transporte público, ao invés de colocar o fone, fechar a cara e responder com poucas palavras quem algo me perguntava. E foi lindo. Aprendi a abrir o coração para as pessoas assim.

Contando sobre as pessoas que conheci na rua para os meus amigos, eles pareciam descrentes. “Como assim você vive tanta história maluca?”, “Como assim você falou isso para um cara?”, eles perguntavam. Daí a ideia do 1001 pessoas, colocada em prática em dezembro de 2012. O que essas pessoas me ensinaram, por mais breves que elas foram na minha vida? Por que foi importante me abrir para elas?

Neste mês, o 1001 pessoas completou suas 100 pessoas no ar – e isso é incrível! Quer dizer que ao menos 10% da meta já está alcançada. Talvez eu ainda demore mais 20 anos para completar a missão, mas tudo bem, já dei um jeito na minha ansiedade (mesmo que de leve!). Esse texto todo é para explicar por qual motivo ainda ‘eternizo’ as pessoas com quem eu cruzo e para relembrar, através da listinha abaixo, as 10 pessoas que eu mais gostei de conhecer até agora. Ainda não leu alguma história? Esta é uma bela oportunidade para reler! ;)

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1. Don Rigo, o dono do maior cafezal da Colômbia

Onde o conheci: Em Jardín, na Colômbia
É minha história favorita porque: eu já não esperava me surpreender tanto assim. Havia conhecido algumas pessoas durante a passagem por outras cidades da Colômbia e já tinha vivido algumas coisas bem malucas. Quando achei que finalmente ficaria ‘tranquilinho’, vem Don Rigo, com um tapa de simplicidade na minha cara. Foi lindo!

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2. Kevin, o hippie

Onde o conheci: Em São Paulo, no Brasil
É a minha história favorita porque: Eu saia de um show da Katy Perry, uma cantora que, durante a minha vida na Califórnia, me marcou bastante. Eu já tinha chorado um monte durante o show. Não era uma época em que eu estava muito emocionalmente estável. Eu queria um zilhão de coisas diferentes. E o desapego do Kevin me deu uma tranquilidade tão boa.

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3. As crianças japonesas que queriam ter cabelo crespo

Onde as conheci: em São Paulo, no Brasil
É a minha história favorita porque: Gosto muito de ver que alguns pais investem tempo em ensinar coisas relevantes e legais para as crianças, ao invés de ficarem construindo um monte de ‘regras’ erradas e preconceituosas na cabecinha delas.

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4. O rapaz do bar que achou que eu o assaltaria

Onde o conheci: em São Sebastião, no Brasil
É a minha história favorita porque: é muito engraçado ver que, de alguma maneira, você consegue colocar medo em um cara bem maior que você. Esta também é uma história incrível porque adoro road-trips e esta foi uma das mais breves e legais que já fiz.

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5. Os traficantes colombianos que organizavam briga de galo

Onde o conheci: em Cartagena, na Colômbia
É a minha história favorita porque: foi uma daquelas vezes em que tudo muda em apenas UM segundinho. Bebíamos num barzinho tranquilamente e, como eu conto na história, os traficantes apareceram camuflados de brotherzinhos legais de Cartagena. Só fomos perceber que eles queriam vender drogas e jogos ‘ilegais’ quando eles começaram a tentar nos meter na enrascada. É muito legal ver que, apesar de tudo, você consegue manter o controle da situação sem partir para a hostilidade.

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6. Alexander, um vale compras sarado da Abercrombie

Onde o conheci: em Santa Barbara, na Califórnia
É a minha história favorita porque: foi uma das primeiras vezes que eu acreditei que a vida é um verdadeiro lego – e que tudo e todos se conectam em algum momento.

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7. Kristian, o surfista que me deixou café da manhã na porta

Onde o conheci: em Honolulu, no Havaí
É a minha história favorita porque: me fez acreditar que ainda existem pessoas extremamente gentis – e que no Havaí ser assim é praticamente uma lei para a vida.

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8. Lucas, um mano da Zona Leste

Onde o conheci: em São Paulo, no Brasil
É a minha história favorita porque: muitas pessoas que vão de transporte público para a Zona Leste já vão receosas – e eu, de fato, também ficava. Mas tratando todo mundo de igual pra igual, dá para conhecer gente interessante e cheia de histórias de vida incríveis.

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9. Val, a vendedora de bijus da noite de ventania

Onde a conheci: em São Paulo, no Brasil
É a minha história favorita porque: porque depois de conhecer a Val naquela noite de ventania, voltei a encontrá-la no mesmo lugar alguns meses depois. Não, ela não estava esperando um menininho. Era uma menininha e iria se chamar Yasmin.

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10. O nóia do show do Sean Kingston

Onde o conheci: em São Paulo, no Brasil
É a minha história favorita porque: quase nunca falo sobre pessoas que conheci durante a minha profissão. E neste post, apesar de ser sobre outra pessoa, conto como foi entrevistar um rapper famoso.

4 thoughts on “As 10 pessoas que mais gostei de conhecer nesses 2 anos e meio de 1001 pessoas

  1. Gente, que lindo!
    100 pessoas e um post tão incrivel.
    Conheço este lugar a menos de um ano, mas é especial porque faz eu acreditar e confiar, ouvir e contar com pessoas que estão ao nosso redor e nem notamos.
    Parabéns e que se durar 20 anos, sejam 20 anos de histórias melhores e melhores.

    Confesso que fiquei com vontade de ir pro Hawai, ver essa gentileza toda rsrs E vou clicar pra ler na história do cara que pensou que você iria assalta-lo haha deve ser incrivel!

    Abraços de luz
    http://www.cappuccinoebobagens.com

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