13. Seu Paulo, o vovô cavalheiro da padaria


Achar um presente de aniversário para a minha mãe não foi nada difícil. Apesar de eu adorar fazer surpresas, estava na maior dúvida dessa vez: comprava uma escova de cabelos rotativa daquelas que anunciam na TV ou aquela panela de arroz elétrica que ela sempre falava que todas as amigas têm? Liguei pra casa, perguntei o que a dona Genir gostaria de ganhar e 30 minutos depois estava saindo do shopping com uma sacola muito maior do que eu.

Já passava das 5 da tarde eu ainda não tinha encontrado tempo para almoçar. Antes de ir pra casa, resolvi parar na padaria. Sentei na mesa e logo decidi. “Uma coxinha sem catupiry, um misto quente e uma coca, por favor”, disse para a atendente baixinha que, quando cheguei, fez cara de impressionada por eu, que sou pequena e magrinha demais, carregar uma sacola daquele tamanho.

Assistia  a Globo News na TV da padaria enquanto comia. Também respondia euforicamente um amigo que perguntava sobre os planos para o fim de semana. Mal notei que o Seu Paulo tinha entrado ali. E olha que eu noto as pessoas… Até demais!

Levantei para pagar minha comanda arrastando a minha sacola de um jeito extremamente desengonçado. Seu Paulo, que vestia calça social marrom e cardigã cinza, já estava no caixa quando me dirigi para atrás dele na fila. Com um sorriso cativante no rosto e uma voz bem baixinha e calma, ele fez um gesto com as mãos e me disse um ‘Por favor, fique na minha frente! A sacola deve estar pesada’.  Não esperava a gentileza e fiquei uns 5 segundos sem saber o que fazer. Meus pais me ensinaram que se deve ser solidária com os idosos. Seu Paulo continuou sorrindo e insistiu pra eu ir na frente. ‘Você tem uma sacola grande e eu só vou levar esse leite’, disse ele, levantando a caixinha de Batavo. Agradeci uma, duas, três vezes.

Paguei minha conta, disse um ‘obrigada’ mais uma vez e fui saindo. Conforme me distanciava, ouvi vários funcionários da padaria cumprimentando o Seu Paulo. Além de veterano aqui na Bela Vista, onde moro, Seu Paulo é um cavalheiro… Como poucos hoje em dia.

3 thoughts on “13. Seu Paulo, o vovô cavalheiro da padaria

  1. Oi Aline, só quero dizer que simplesmente me apaixonei pelo seu blog! Vou acompanhar sempre. Vou adorar conhecer – mesmo que indiretamente – todas essas pessoas que de um jeito ou de outro tocaram a sua vida!
    Beijos

    1. Oie, Gaby! Volte sempre mesmo :) Posts novos podem demorar pra chegar, mas chegarão, hahah! Obrigada pela visita :*

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