15. Leandro, o cara que mandou SMS no dia seguinte


Não era só 12 de junho.
Era 12 de junho, aniversário de um dos meus melhores amigos, Dia dos Namorados e, por acaso, a minha festa de boas-vindas ao Brasil. Havia acabado de voltar de seis meses em outro país e precisava, nem que por algumas horinhas, sentir que eu continuava me encaixando aqui.

Pegamos o carro, colocamos Rihanna no volume 36 e fomos para uma balada na Zona Norte de São Paulo. Por lá, existe um lugar chamado Paddy’s Pub, que já foi palco das maiores noitadas que tivemos na vida. A noite começa sempre com uma banda de pop rock qualquer, depois percorre pelo eletrônico, pelo sertanejo e pelo pagode e, lá pelas 4 da manhã, chega na minha parte favorita: o hip hop. É nessa hora que começam a soltar aquela fumaça forte e você se sente como se estivesse em um clipe do Snoop Dogg.

Naquele dia 12 de junho eu nem pensava em ficar com ninguém. Ainda me doía ter deixado meu menino na Califórnia. Mas lá estava o Leandro, de camisa xadrez, calça jeans e alargador, do jeito que eu gosto. Beijinhos pra cá, beijinhos pra lá, já amanhecia e o rapaz teve que ir embora. O moreno de olhos amendoados disse que me mandaria mensagem no dia seguinte. Eu, que poucas vezes torço para o cara estar falando sério, apenas sorri. E assim que o Leandro saiu pela porta da balada, minhas amigas me perguntaram “como eu conseguia”. Como eu conseguia o que? Não entendi nada.

Acordei com a mensagem dele no domingo pós-balada. Perguntava apenas um “E aí, tudo bem?”. Apesar do número desconhecido, a SMS poderia ter vindo de qualquer pessoa no mundo. Perguntei então quem era e ele respondeu dizendo que era o Leandro, do pub. Gravei até o celular dele na minha agenda como “Leandro do Pub” depois disso. O Leandro dizia que poderíamos marcar de sair de novo. Eu tinha gostado do Leandro, mas não tanto assim. Por isso, fingi não ter recebido o convite.

Três dias depois da nossa primeira troca de mensagens, eu trabalhava no meu quarto quando o Blackberry apitou. Era ele. Começamos a conversar mais e, em algum momento, joguei um “pronto, agora você sabe tudo sobre a minha vida”. Ele queria seguir no mesmo estilo engraçadinho, mas deu um escorregão…

– “É, eu já sei o suficiente sobre você. Você é a menina que dança muito sexy”, disse.

Na hora, parece que o mundo inteiro entrou em pausa. Olhei para o celular e me senti uma daquelas meninas que usam vestido tubinho, saltão e bolsinha de lado e caem na noitada atrás dos playbas. Me senti um pedaço de carne, apenas. Me senti assim à toa, já que não estava dançando como uma delas, muito menos vestida como tal. Não sei ser assim, nem quero.

Ignorei o Leandro a partir daquela mensagem e deixei a síndrome de “dancei igual puta na balada” de lado. Mais tarde, cheguei à conclusão que não importa a idade do cara (o Leandro tinha 26, por exemplo), nem a classe social, nem o diploma na parede. Caras sempre serão caras… E eles sempre vão falar coisas bem diferentes daquelas que estamos acostumadas a ver nas comédias românticas.

One thought on “15. Leandro, o cara que mandou SMS no dia seguinte

  1. Me deu raiva do Leandro… hahaha Foda, odeio quando um casinho que tá dando super certo vira algo somente carnal….

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