‘Quero descer. Quero descer, caralho!’, gritou uma loira baixinha, empurrando dezenas de passageiros na van lotada rumo ao extremo leste da capital paulista. O calor não perdoava e todos eram obrigados a desencanar das gotinhas de suor que escorriam pelos rostos. Não dava pra evitar, nem dava pra se mexer para limpar… Eu bem diria que o melhor mesmo era nem se incomodar. Foi o que eu tentei fazer, sentada no penúltimo banco da fileira da esquerda, enquanto observava a falta de classe da tal moça.

Tudo o que pude perceber eram suas unhas bem feitas e sua bolsa branca com fechas douradas. Ela, que parecia se achar bonita e superior demais para ser educada, não pediu licença, muito menos se preocupou com o que ou quem estava a sua frente. Se jogou para cima de todo mundo para conseguir chegar até a porta dos fundos… E deu certo. A loira então estuprou o botão do sinal e, por seu comportamento inadequado no transporte público, foi quase chutada para fora do ônibus. ‘Não está vendo a gente aqui, não, sua filha duma puta?‘, gritou um rapaz. Nervosa, ela virou para os outros passageiros e soltou um ‘vão se foder que e me deixem passar’.

Lá do meio da lotação, uma morena alta e siliconada não pensou duas vezes e gritou:

– Ah, sai daqui sua vaca! Vaza!

Os passageiros todos ficam quietos e a peituda continuou. “Se eu te pego, te desço o cacete, loira burra!”. A loira foi embora, o ônibus também e o silêncio continuou até que, poucos segundos depois, uma outra mulher, talvez querendo o mesmo ‘respeito’ que a siliconada conquistou, começou:

– Uma vez eu tava no ônibus, aconteceu a mesma coisa e uma mulher veio e me disse: “Me bate então!”. Eu disse “Minha mão foi feita pra usá pro bem não pra relá em lixo. Seu lixo! Lixooo!”

E foi nesse momento que os passageiros não se aguentaram. Começaram todos a rir. E o mais preocupante é que a falta de educação das pessoas está cada dia mais engraçada.