70. Felipe, o cara com quem poderia ter rolado ‘se…’


O Felipe apareceu num momento meio estranho da minha vida. Eu tinha acabado de voltar de duas grandes coberturas da firma (que canseira!), dado fim de vez em um (quase) “algo” que nem deveria ter começado e me envolvido em um monte de outros rolos que preciso enterrar ainda em 2013. E ele estava lá, de camisa do Jack Daniels (que clichê!) e jaqueta de couro, num bar estranho em que uma colega resolveu fazer uma despedida de solteira.

Despedida de solteira. Eita. Não sei qual é o meu problema com casamentos, nem se tenho um, mas os meus amigos nunca se casam. Depois de anos e anos em círculos de amizades diferentes, eu tive a chance, só neste ano, de ver o pontapé inicial do que eu torço para que seja uma avalanche de amor “até que a morte nos separe”.

– “Aos 26 anos de idade, eu me proclamo… Uma amiga que tem sua primeira amiga se casando na história da minha vida!”, eu disse, olhando para o espelho antes de sair de casa para a festa da Lia com o Daniel.

Depois dessa comemoração, outra querida também resolveu subir ao altar (vai ser no ano que vem!) e fez com que eu e a única outra amiga solteira do grupo, a Yasmin, lançássemos uma corrida contra o tempo: qual das duas vai, acompanhada de um boy-digno-e-não-boy-lixo, para essa festa de casamento em 2014?

Não sei, mas a brincadeira tem rendido boas risadas. O que sei mesmo é que, naquela noite de sexta, o Felipe surgiu na pista quando as caipirinhas, combinadas com as luzes dançantes e a música ensurdecedora, já tinham feito efeito em mim. Ele veio tirar uma foto do grupo de amigas da noiva e acabou passando muito tempo conversando comigo por um motivo especial: tínhamos muita coisa em comum.

O Felipe passou o ano de 2010 vivendo as mesmas experiências que eu. Há 4 anos, ele também embarcou para a Califórnia para estudar inglês. Ficou numa cidade chamada Riverside, a poucos quilômetros de Santa Barbara, onde eu fiquei, e no meio do nosso papo até citou algumas festas famosas que eu fui – e que ele também curtiu.

– “Você já foi para Santa Cruz?”, ele perguntou. E eu me derreti. Santa Cruz é uma das minhas cidades favoritas na costa oeste. Conheci quando subia para San Francisco durante um spring break.

A cada nova pergunta do Felipe, eu me animava mais. Ele e eu falavámos a mesma língua, dançávamos do mesmo jeito desajeitado as músicas dos Stones e pouco víamos o que rolava ao nosso redor. Foram quase 30 minutos conversando no meio da pista de dança, até que o grupo de amigas da noiva notou a nossa afinidade e resolveu fazer com que aquilo se transformasse em algo a mais. Odeio quando pessoas tomam decisões por mim. Eu não queria transformar aquilo em algo mais, mas ele, o Felipe, sim. Com a pressão das várias mulheres na pista, que até gritar “beija, beija, beija”, gritaram, e a minha constante negação, o Felipe implorou:

“A gente já conversou demais e riu demais. Por favor, eu não posso ir embora daqui sem ficar com você. Você é demais. Me dá um beijo, por favor”, disse, me deixando numa das situações mais constrangedoras da minha vida.

Eu beijei o Felipe, mas o arrependimento foi instântaneo. Aquele Felipe legal das mesmas experiências que eu em 2010 era o primeiro cara na minha vida com quem eu havia ficado por dó. E o pior: a gente até que poderia ter dado certo. Poderia ter dado certo se eu não tivesse num momento tão “eu sozinha no sábado à noite é o suficiente”, se eu não tivesse louca para tentar focar nos meus hobbies de vez (desfoco facilmente de prioridades!) e se eu não tivesse sido filha da puta e ignorado a mensagem fofa que ele me mandou no dia seguinte.

É tarde demais para responder a mensagem do Felipe. Sem contar que, neste ano, ainda preciso enterrar alguns outros “problemas” antes de me enfiar em novos.

4 thoughts on “70. Felipe, o cara com quem poderia ter rolado ‘se…’

  1. O cara certo na hora errada… Me pareceu o começo de uma história incrível. Nunca é tarde demais. Mas, como você disse, é melhor mesmo se resolver antes de entrar em outra. Amei o seu blog, a ideia é simplesmente incrível.

    Beijos!

  2. Oi Aline! O comentário que vim deixar já foi feito pela Monique, mas acho que vale a pena reforçar: nunca é tarde demais! Não se preocupe em enterrar problemas, deixe-os pra lá e faça o que sua intuição mandar. Não quero escrever muito para não cair nos clichês, mas eles têm um fundo de verdade. Só vivemos uma vez! Beijos

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