Passei aproximadamente 4 dias seguidos dizendo pra todo mundo que não tinha certeza se iria naquela tal festa na 111, Oceano Avenue. Inventei as desculpas mais esfarrapadas da minha existência: “Não tenho ninguém pra dividir o táxi”, “Todo mundo foi viajar para o Havaí, não vai ter ninguém legal”, “A música que vão tocar lá é muito ruim”…
A festa tinha horário pra começar e horário pra terminar: 8pm-12am. E na Califórnia, onde fiz um intercâmbio por 6 meses, as coisas realmente terminam na hora programada. Por isso, enrolei até 9 da noite pra ver se as pessoas esqueciam que eu existia. Mas meu telefone tocou, tocou, tocou e eu resolvi arrastar minha roommate colombiana pra festinha na casa dos universitários.
Pegamos o táxi da minha motorista favorita: não sei o nome dela, mas ela usa bastante maquiagem, chega pra te buscar com Akon tocando no último volume, tem garrafas de vodka vazias espalhadas pelo carro, sempre oferece balas tipo Valda pra gente e faz um preço bacana. Assim que demos as coordenadas, o GPS dela avisou: “Not found”. Era o primeiro aviso de que a noite estava meio errada.
Depois de algumas entradas erradas, chegamos na casa. Era um apartamento no fundão, de frente pra praia. Casa boa, festa boa, bebida de graça e gente bem legal.
Muita coisa aconteceu. Muita mesmo. Ri demais com todo mundo, conversei com o Bow, com o Peter, com a Camille, com o Marco, com o Phillips. No auge da bebedeira alheia (dessa vez eu estava bem sóbria!), me convidaram pra várias coisas: um churrasco num bairro de gente rica, um final de semana de volêi na praia, uma noite de poker… Eu, delicadamente, recusei. Queria mesmo é um final de semana de descanso.
Lembro de uma briga. Alguém socou meu amigo suíço bêbado e ele gritou “You fucking motherfucker” umas trezentas vezes. Eu só ria porque, afinal, que coisa engraçada! “Fucking motherfucker” já é demais. A rima, o som saindo da boca de alguém… simplesmente bizarro. Voltando ao assunto: lembro de eu estar do lado de fora da casa, esperando com uns amigos pra pegar o táxi de volta, quando, de repente, ouço uma voz me chamando.
Quem me gritava era um cara bonito demais pro meu gosto. Estatura média, cabelo de colírio, mas sem aquela frescura de ficar perfeitamente ajeitado, olhos castanhos e um corpo sarado. Ele estava com a camisa desabotoada, com calça jeans e de chinelo. Aquele estilo californiano que eu amo.
– “Você tava comprando na Abercrombie hoje!”, disse ele. E eu, que tenho uma memória péssima, nem lembrava mais. Fiz minha cara de “ahm” pro moço bonito e continuei esperando por mais detalhes.
– “Eu te vi lá! Você não lembra de mim?”, continuou ele. Aí é que eu lembrei. Ele se apresentou, se chamava Alex, a festa era dele e ele é um dos vendedores da loja.
– “Oh my god, eu lembro de você! Que coincidência! Eu estou na sua festa! É seu aniversário! E você vai me dar um desconto na Abercrombie, né?”, eu disse, brincando.
O Alex me olhou nos olhos, soltou o sorriso mais lindo do mundo e disse que sempre que eu precisar de algo, posso falar com ele. Ele contou que trabalha todas as quartas, quintas e sextas, sempre no horário da tarde, e que se eu quiser ir lá, ele me dá 30% de desconto em peças da nova coleção.
Lição da festa: Se no Brasil, cidade pequena pode ser um problema, nos Estados Unidos, cidade pequena significa facilidade e amizade. E o Alex… o Alex virou meu vale-compras.
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Tão filme que estou com inveja ): hahaha
Vc não pegou o Alex, depois desse mole todo? Ah não!
Ahhh que demaiiis, final inesperado ameeiii
Sua vida é cercada de cara gato né quase toda historia tem um gato.
SORTUDA!!!